Ela caminhava devagar, enquanto
entrava naquele bar. Aquele mesmo bar, com aquelas mesmas pessoas. Mas nunca
tinha percebi o quanto aquele bar tinha se tornado frio. Ela senta na mesma
mesa de sempre, no cantinho, perto do grande espelho, e como se fosse uma ação súbita a sua pele se arrepia. O corpo estremece,
o coração grita. Menina boba, ainda se sente assim. Que menina boba, se
importante tanto com quem não tá nem ai. Parecia que só ouvia aquelas risadas
familiares ecoando. Doía tanto, que ela fechou o olho por um segundo.

O garçom de sempre chega e olha para ela meio
triste. Ela não era assim. Oh não, ela não era. Ela era aquela que sempre
estava gesticulando muito, com uma risada alta e contagiante, brincando... E o mais importante: fazendo quem estava ao redor rir das palhaçadas. “O que será que pode ter acontecido?” ele se pergunta. Ele
chega perto e cumprimenta. Ela, desatenta, olhando o celular não percebe o que
acontece ao redor. Olhava uma mesma foto, naquele mesmo lugar. Em tão pouco tempo, tanto
mudou. Sutilmente ele a toca como
se tivesse tentando tirá-la de um coma. Aquele olhar. Ele não gostava daquele
olhar que ela vestia naquela noite. Muito menos do meio sorriso que acompanhava.