05/06/2015

Desabafos de uma bailarina

Hoje na aula de Ballet, Dona Tereza fez a coisa mais maluca de todas: Ela falou que tínhamos que interpretar o Hino Nacional. Isabelle perguntou se ela queria escrita ou na fala. Dona Tereza torceu o nariz e perguntou de volta, “você é brasileira?”, ela me olhou em pânico como se eu soubesse a resposta. “É uma interpretação do que você é. Você é brasileira. A dança é o que você é, uma extensão do seu corpo, do seu pensando. A música traduz o que você pensa, a dança mostra o que você sente. Dança, brasileira.” Voltei para casa pensativa. Com tanta dança legal... Tinha logo que ser o Hino Nacional?

Às vezes fico sentada perto da barra de metal pensando em como isso tudo surgiu. Penso como um homem deve ter pegado um bastão e sem querer bateu em uma pedra. E bateu de novo. E de novo. Mais uma vez. Até que formasse um som que acalmasse. Ou um som que excitasse. Que o fizesse sentir qualquer coisa, que o fizesse chamar atenção.
Ai depois, me vem uma imagem de uma igreja e uma pessoa vagamente balançando de um lado para o outro, escutando a letra e a melodia. Deixando tomar contar. Uma relação meio de posse, de entrega.